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filho bastardo de joseph k [levanta-te e anda]

segunda-feira, abril 14, 2003

Domingo, 13 de abril de 2003. Uma puta tempestade se aproximava enquanto eu caminhava na beira da praia com uma revista bravo, duas vips e um cd do dj mark. O destino, a casa de Gudão. A missão, catar lixo. O porquê, não interessa. Não pude deixar de rir ao tomar consciência da situação. Nós dois carregando aquele tonel escada acima, apressadamente para não sermos flagrados por algum vizinho. Imaginei que o tonel azul era um sofá, para dar fim as minhas gargalhadas.Chegamos ao apartamento. Colocamos o precioso baú na varanda, nos armamos de luvas e partimos para o ataque. O primeiro contato não foi agradável. O cheiro e o visual inibiram nossas mãos. Não demorou para que nos acostumássemos. Da imundície tiramos instantes e pedaços de vidas. Nos encontramos, questionamos e não chegamos a lugar algum. Semana quem vem tem mais.





O lixo parece com o cabelo, à vezes imprestável. Contudo uma boa dose de água e um detergente podem abrir uma nova brecha. Caixas tetrapack de leite, garrafas pets e lata muito nos interessam. Latas pela paixão - lata é algo romântico, como as latas de sopa "Campebells" - incorporadas por Wahol em suas "hand mades".
Sempre recorro ao lixo quando acho o novo chato. Engraçado pois o avesso seria comum, porém o lixo me incomoda - ele enfeia. Enfeia o prédio com seus sacos fétidos, mareia o chuveiro de praia que fica ao lado dos cestos.
O lixo é algo que deve ser feito, deve ser estudado.
Representa o que este prédio consome, muito refrigerante e hambúrgers. Muita comida plastificada. O lixo é pós-eleições, ele recebe passageiros distintos, revistas de cultura e apostilas de cursinhos, revistas de mulheres - molhadas dependendo do lixo.
Essa é uma observação: mexemos em lixo chamado de seco. Papel higiênico sujo, restos de comida, não. O que nos interessa é o lixo plástico, lata de cerveja não. Não queremos dinheiro do lixo; prazer. Em suas formas quase perfeitas, os vidros de shampoo instigam um diálogo mais demorado no banho. São de sonhos que eles falam, e jogamos seus vazilhames fora, ignorando suas passagens por lugares tão íntimos. (gudão)









REBANHO

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SALMO 69


Depressa, Senhor, vinde em meu auxilio. Sejam confundidos e humilhados os que odeiam a minha vida. Recuem e corem de vergonha os que se comprazem com meus males. Afastem-se, cobertos de confusao, os que me dizem: "Ah! Ah!"

[VELHO TESTAMENTO]